Há quinze anos atrás
Há quinze anos atrás, o dia estava azul assim como a minha alma que ia receber o meu Julinho. Sempre desejei um rapaz e, embora soubesse pelas ecografias que seria mesmo um bebé do sexo masculino, só descansei quando o vi (não é que não goste de meninas, mas sempre rodeada de raparigas, achava que estava na hora de vir um rapaz para esta família). E veio, chegou um pouco antes do tempo, não fosse ele um rapaz apressado (para umas coisas), mas também muito calmo (para outras). O nascimento do Julinho foi através de parto normal, mas como vinha já de cabeça virada para cima, necessitasse de uns fórceps (teimoso já desde então). Para mim, foi uma eternidade, mas a sua chegada foi muito rápida, era muito rechonchudo e pequenino (quem diria, o rapagão que hoje se tornou).
A chuva de emoções provocada pela presença do Julinho era tanta que o mundo podia desabar ao meu lado que não importava, apenas eu e ele. Um sonho tornado realidade, um sonho amadurecido, um sonho cumprido. Um Julinho lindo, muito lindo e, na altura, parecido com a mãe.
As primaveras foram passando, um amor, um amor que foi ficando maior, por fora, porque crescia, mas principalmente por dentro, porque fortificava. A minha alma enchia-se de felicidade de ano para ano. Foi um amor de criança, perfeito, calminho, dorminhoco, esperto, mas muito alérgico (não há bela sem senão).
O Julinho foi crescendo, foi crescendo com as primeiras palavras, com as primeiras brincadeiras e com as primeiras responsabilidades….um amor meigo, um amor brincalhão e engraçado que se foi tornando num rapazinho calado e de riso tímido.
Julinho foi crescendo, foi mudando, foi-se tornando nele próprio com uma teimosia característica do seu signo, mas permanece o Julinho de sempre, o meu sonho, o meu sonho com forma.
O Julinho, esse Julinho de sonho e de espera, o Julinho que se foi mudando ao longo dos anos que foram correndo, faz hoje quinze anos. Hoje já mais alto que eu (1,76m), muito pouco se parece comigo, pelo contrário, é uma silhueta do meu Zé Carlos de 15 anos. O riso maroto que herdou do pai e que na altura soube bem seduzir-me, é uma característica do meu Julinho. O nosso Júlio, o Júlio da família e dos amigos que o acompanharam ao longo desses anos.
Aos quinze anos é-se novo pela primeira vez e (como diz Miguel Esteves Cardoso) tudo é muito tudo, e é tudo ao mesmo tempo. Para o Júlio há muitas coisas que se querem muito e sofre-se muito por não as ter. Tudo é muito importante. Aos quinze anos tudo é muito importante, tudo é muito urgente, tudo é muito preciso, tudo é muito difícil, tudo é muito injusto. O mundo é mesmo assim como se vê quando se tem quinze anos, só que acabamos por desistir de vê-lo assim, porque custa tanto. (...), custa tanto e o tempo passa e com ele vamos mudando também.
O Júlio faz quinze anos e por isso quero lembrar esse dia, esse dia 9 de Abril, esse sábado em que ele me encheu de alegria, emoção e certeza de que vale a pena viver, simplesmente vindo ao mundo para me fazer renascer de mim mesma e da solidão de não ser mãe.
Fazer quinze anos é muito bom, por isso aqui nos tens todos, a família e os amigos que te receberam. Desejo que sejas muito FELIZ e que o teu caminho nesta terra seja bastante bom. Eu acredito que será!
Um beijo da mãe
Ponta Delgada 9 de Abril de 2009
G.A (biga)
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